Caminhar em direção a Compostela é uma grande oportunidade de aprender e crescer em si mesmo. Para o conseguir, não só terá de aceitar o caminho de se perder para se encontrar melhor, mas também de aprender a defender-se em plena autonomia.
Quando estamos com amigos, tendemos a confiar uns nos outros. Portanto, podemos não estar fazendo as coisas que provavelmente poderíamos ter feito por conta própria.
Quando estamos sozinhos no meio do nada, há uma boa chance de nos superarmos. Somos obrigados a reagir, diante de uma situação imprevista, sem a ajuda ou o julgamento de terceiros.
A vantagem de ir sozinho, portanto, reside acima de tudo no fato de que você não deve esperar nada dos outros e que você tem que cuidar de si mesmo. É por meio de testes que teremos sucesso em aprender onde estão nossos limites e controlar melhor nossas reações e emoções quando confrontados com as dificuldades encontradas ao longo do caminho.
Do meu ponto de vista, a autonomia é, portanto, uma das condições para realmente avançar e superar-se. Essa nova autonomia pode levar muito tempo para chegar, mas com prática, esforço e perseverança, ela acabará sendo bastante fácil de ser alcançada.
Na solidão, também há menos pressão e responsabilidade para com as outras pessoas. É também por estarmos sozinhos que muitas vezes nos encontramos mais no caminho, o que não necessariamente o faríamos se estivéssemos acompanhados.
O passeio solitário fora dos caminhos tradicionais permite desfrutar plenamente do silêncio, apenas perturbado pela música dos nossos passos e pela natureza envolvente. Caminhar no Caminho de Santiago pode, portanto, ser facilmente comparado às práticas de contemplação ou meditação.
Na minha opinião, é importante andar com pouca ou nenhuma conexão. Isso nos livra da pressão tecnológica que nos liga a todos em todos os momentos e suga toda a nossa energia e tempo. Desconectar é também aceitar o que é essencial.
Alguns de nós serão, assim, capazes de curar efetivamente algumas de nossas feridas, reconectando-nos com a natureza, desenvolvendo todos os nossos sentidos e reconhecendo alguns prazeres simples, mas essenciais da vida: cheirar a terra úmida no orvalho da manhã, observar uma simples teia de aranha, um pôr do sol ou uma noite estrelada, ouça o canto dos pássaros ou o farfalhar das folhas agitado pelo vento ...
No final, quer vá sozinho ou acompanhado, nunca estará completamente isolado, porque o Caminho de Santiago é uma oportunidade permanente de encontro, troca e partilha.
Para além da simples questão da socialização, trata-se sobretudo de encontrar o outro, aquele que é diferente de nós. Às vezes, é ao sermos confrontados com as diferentes experiências de vida de outras pessoas que podemos ter uma visão diferente de nossa própria situação e tomar a distância necessária para reavaliar mais favoravelmente.
Assim, encontramos nas longas caminhadas um tratamento eficaz contra o egocentrismo e a melancolia, porque está comprovado que um "doente" concentra-se muito mais na sua doença do que no resto do mundo.
Buen camino !!!
Lionel de Compostelle
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